novembro 03, 2006

Porquê?

No post anterior [30.10.06] não fiz qualquer referência à “Exposição Comemorativa dos 150 Anos dos Caminhos-de-ferro em Portugal”, patente nas Docas de Alcântara, em Lisboa, até ao próximo dia 12 de Novembro, e à iniciativa “Cinema sobre Carris”, que acontece no mesmo local e datas. A omissão foi deliberada para agora poder voltar ao assunto, porque tal se impõe.
A qualidade da exposição é indiscutível, o conjunto é harmonioso e boa parte das fotos retrata bem a importância que o comboio assumiu no quotidiano dos portugueses, já lá vão 150 anos. As imagens e documentos ali exibidos deviam, pois, ser do conhecimento de um maior número de pessoas e não apenas daqueles que residem ou, então, têm disponibilidade (de vária ordem) para se deslocar a Lisboa.
E como o direito à cultura e à participação nas comemorações do tricinquentenário do caminho-de-ferro não são um exclusivo dos lisboetas, há uma pergunta que se impõe: estando a exposição montada em carruagens, por que razão não se faz uma itinerância, ao menos, pelas principais cidades (ferroviárias) do país? Os municípios acolheriam de bom grado a iniciativa e, deste modo, minimizar-se-ia, ainda que muito levemente, o logro que foram estas comemorações.
Adaptadas as carruagens, feito o investimento e montada a exposição, será que a CP não tem ou teve uma locomotiva para percorrer o país durante algumas semanas? Ou será que o não fez porque a REFER lhe cobraria taxas de estacionamento e/ou de utilização da infra-estrutura? Ou será de admitir, ainda, a hipótese de ambas as empresas o não terem feito por determinação ministerial? Atendendo à insignificância dos custos que esta operação traria, admitir qualquer uma destas possibilidades seria ridículo e pouco crível.
Assim, fica a impressão (e, no meu caso, a forte convicção) de que o único cuidado que presidiu à organização destas comemorações foi o de assegurar que o dia 28 de Outubro de 2006 passaria rapidamente. Enfim, é a mediocridade em todo o seu esplendor...

PAULO VILA

outubro 30, 2006

CL aniversário dos caminhos-de-ferro portugueses

Depois de uma passagem por Barca d’Alva, onde ontem também se assinalaram os 150 anos do caminho-de-ferro português, hoje apetece-me escrever sofregamente sobre as comemorações oficiais: que fiasco!...

Post scriptum I: deste fracasso generalizado exceptuam-se, no entanto, o documentário exibido na RTP da autoria de Paulo Costa – brilhante! – e o lançamento do livro Os Caminhos-de-ferro Portugueses [1856-2006], uma edição da CP.

Post scriptum II: a escolha do substantivo “fiasco” é justificada pelo facto de, por exemplo, o lançamento do anel vibratório da Durex ter tido maior impacto junto dos portugueses do que as comemorações do tricinquentenário do caminho-de-ferro.

PAULO VILA